Os "derrames vasculares", em linguagem médica designados por telangiectasias, são um problema muito frequente, sobretudo entre a população feminina. Para além, do efeito inestético que têm, por vezes com importante impacto na auto-estima e, mesmo, na vida social dos seus portadores, são também uma fonte de preocupação motivada pelo receio de que estejam associadas a alguma doença mais grave.
Existem múltiplos factores que contribuem para o seu aparecimento e agravamento. Por um lado, podem surgir como manifestação da doença venosa crónica subjacente, reflectindo a presença de hipertensão venosa, resultante da insuficiência ou obstrução ao nível do sistema venoso profundo ou superficial. Por outro lado, sabe-se que as alterações das hormonas femininas (estrogénios e progesterona) têm uma importância crucial no seu desenvolvimento, o que justifica o facto de serem muito mais frequentes nas mulheres, começarem a surgir após a adolescência e agravarem significativamente durante a gravidez. Outros factores como os traumatismos da pele, a radioterapia ou o uso prolongado de corticóides tópicos também podem contribuir para o aparecimento destas lesões. Embora, na sua maioria, sejam assintomáticas, em cerca de 30% dos casos podem estar associadas a dor tipo queimadura ou sensação de peso.
Na ausência de tratamento, as telangiectasias constituem uma situação crónica, com tendência para o agravamento progressivo. A terapêutica de eleição é a escleroterapia, vulgarmente conhecida por "secagem", e que consiste na injecção de uma substância esclerosante no interior do vaso, que leva à sua fibrose e posterior desaparecimento. Este procedimento é realizado em ambulatório e demora, aproximadamente, o tempo de uma consulta. Como as agulhas utilizadas são extremamente finas, a dor que causam é mínima e o procedimento é bem tolerado. Após a realização do tratamento, são colocados pequenos pensos compressivos nas áreas tratadas, que aí devem permanecer durante algumas horas (habitualmente até ao dia seguinte). É frequente o aparecimento, nos locais de punção, quer de sinais inflamatórios, como reacção ao esclerosante injectado, quer de equimoses ("nódoas negras"), resultantes da extravasão de sangue. Por este motivo, deve ser aplicada uma pomada corticóide nas zonas inflamadas, durante 1 a 2 dias, e um heparinóide tópico (por exemplo Thrombocid® gel) nas equimoses, até à sua resolução, o que pode demorar 10 a 15 dias. Para maximizar o efeito da escleroterapia, deve evitar-se a realização de exercício físico durante 24 a 48 horas e recomenda-se a utilização de uma meia de contenção elástica durante cerca de uma semana. Para além disso, como a exposição das zonas tratadas à luz solar pode levar ao aparecimento de hiperpigmentação da pele, esta deve ser evitada por um período de 2 a 3 semanas, ou enquanto ainda houver equimoses em resolução.