A doença cardiovascular é, na mulher e no homem, a principal causa de manifestação de doença e de morte.
As manifestações da doença aparecem na mulher cerca de 10 anos mais tarde que no homem. Só depois dos 70 anos a doença se manifesta na mulher com uma frequência semelhante à do homem.
O aparecimento mais tardio da doença na mulher tem sido atribuído ao efeito protetor sobre o coração e as artérias, das hormonas femininas, os estrogénios. Mas na mulher as manifestações da doença são mais graves e a mortalidade é maior. Vários fatores contribuem para esta evolução desfavorável:
- As queixas da mulher são menos típicas, por isso a mulher é menos estudada e a doença é identificada mais tarde.
- Os fatores de risco cardiovascular (hipertensão arterial, colesterol elevado, diabetes, tabagismo, obesidade, sedentarismo) são menos valorizados na mulher, o que leva a que não sejam devidamente tratados e corrigidos;
- As artérias mais finas e a maior tendência para as hemorragias na mulher aumentam as complicações dos tratamentos;
- Na mulher mais idosa há outras doenças (renais, pulmonares, osteoarticulares e diabetes) que contribuem para o agravamento da doença cardíaca e para o aparecimento mais precoce da insuficiência cardíaca.
Na mulher mais jovem tem havido um aumento dos ataques cardíacos devido às alterações do estilo de vida, com o maior consumo de tabaco (sobretudo quando associado aos anticoncecionais orais), aumento da obesidade, vida sedentária e stress.
Após a menopausa o uso terapêutico hormonal de substituição, que se esperava proteger a mulher da doença cardíaca, na realidade aumenta o risco de enfarte do miocárdio e de trombo embolismo. Este tratamento deve ser apenas para as mulheres com sintomas da menopausa que não tenham doença cardíaca, nem risco cardiovascular elevado.
É necessário que as mulheres conheçam os fatores que levam ao aparecimento da doença e que os corrijam. Não fumem, mantenham o peso aconselhado, vigiem a tensão arterial, o colesterol e a glicémia. Façam exercício e uma alimentação saudável. Se tem cansaço ou dores no peito deve ir ao seu médico, fazer os exames e iniciar os tratamentos que lhe forem indicados. Assim evita que a doença progrida e que apareçam complicações.
Nunca esqueça que prevenir é melhor que tratar.
'Dra. Graça Ferreira da Silva